ROCHESTER, Minnesota — Pesquisadores da Mayo Clinic desenvolveram um sistema de alerta baseado em smartwatches que sinaliza aos pais os primeiros sinais de um ataque de birra em crianças com transtornos emocionais e comportamentais — permitindo que os pais intervenham antes que o ataque se intensifique. Em um novo estudo publicado na JAMA Network Open, esses alertas ajudaram os pais a intervir em até quatro segundos e reduziram ataques de birra intensos em uma média de 11 minutos — cerca de metade da duração observada com a terapia padrão.
Nesse sistema, um smartwatch usado pela criança detecta sinais fisiológicos de estresse, como aumento da frequência cardíaca ou mudanças nos movimentos ou no sono, e os envia para um aplicativo habilitado por inteligência artificial (IA) no smartphone dos pais. O aplicativo analisa os dados em tempo real e envia um alerta como um sinal para que os pais se conectem com a criança.
As descobertas demonstraram como a tecnologia de smartwatches pode ajudar a preencher uma lacuna nos cuidados com a saúde mental pediátrica, oferecendo aos pais um suporte acionável quando a ajuda profissional não está imediatamente disponível. Essa necessidade é ampla — quase 1 em cada 5 crianças nos Estados Unidos tem um transtorno de saúde mental, comportamental ou emocional, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês).
A abordagem demonstra como a tecnologia vestível, combinada com um design de IA focado no paciente, pode apoiar as famílias para além do ambiente clínico.
Design do estudo e resultados
No ensaio clínico randomizado, 50 crianças de 3 a 7 anos que recebiam terapia de interação pais-filhos na Mayo Clinic participaram ao longo de 16 semanas. Metade delas foi designada a usar um sistema de smartwatch, e a outra metade continuou com a terapia padrão. O estudo avaliou se as famílias usariam a tecnologia conforme planejado e se alertas imediatos poderiam alterar de forma mensurável o tempo de resposta dos pais e o comportamento das crianças.
É importante destacar que as crianças usaram o smartwatch por cerca de 75% do período do estudo, demonstrando viabilidade e engajamento familiar.
"Este estudo mostra que até mesmo intervenções pequenas e feitas no momento certo podem mudar a trajetória de um episódio de desregulação emocional da criança," diz Magdalena Romanowicz, M.D., psiquiatra infantil na Mayo Clinic e colíder do estudo. "Esses momentos dão aos pais a oportunidade de intervir com medidas de apoio — aproximar-se, oferecer segurança, nomear emoções e redirecionar a atenção antes que a birra se intensifique."
Baseando-se em pesquisas anteriores
Este trabalho se baseia em um estudo anterior da equipe, que utilizou um algoritmo de aprendizado de máquina para analisar dados do smartwatch — incluindo frequência cardíaca, sono e movimento — a fim de prever comportamentos disruptivos em crianças hospitalizadas que recebiam cuidados psiquiátricos.
Esse estudo, publicado no Journal of Child and Adolescent Psychopharmacology, mostrou que o algoritmo poderia prever o estado comportamental de uma criança com 81% de precisão e fornecia um aviso prévio de 30 a 60 minutos sobre um surto iminente.
"Este trabalho mostra como a ciência básica e a pesquisa clínica podem se unir para transformar o cuidado ao paciente," diz Arjun Athreya, Ph.D., colíder do estudo e membro do corpo docente de engenharia do Departamento de Farmacologia Molecular e Terapêutica Experimental da Mayo Clinic. "Nós traduzimos descobertas obtidas no ambiente de internação para o cuidado ambulatorial, e os resultados mostram como dados de dispositivos inteligentes do dia a dia podem ajudar as famílias em tempo real."
Capacitando famílias com cuidados orientados por dados
Paul Croarkin, D.O., psiquiatra infantil e adolescente da Mayo Clinic e coautor do estudo, afirma que as descobertas destacam o poder do cuidado orientado por dados. "Um smartwatch pode parecer simples, mas quando é respaldado por tratamentos baseados em evidências e análises avançadas, torna-se uma tábua de salvação para famílias que tentam administrar os sintomas comportamentais intensos em casa.
Julia Shekunov, M.D., diretora médica da Unidade de Internação em Psiquiatria Infantil e Adolescente da Mayo Clinic e também coautora do estudo, diz que o trabalho atende a uma necessidade urgente. "Estamos vendo mais crianças em crise, e a intensidade está aumentando. Esse sistema oferece aos pais ferramentas que eles podem utilizar imediatamente, mesmo fora do ambiente clínico, para ajudar seu filho a retomar o controle."
Próximos passos
Estudos futuros irão aprimorar a precisão preditiva do sistema, testá-lo em grupos maiores e avaliar seus benefícios a longo prazo no cuidado ambulatorial cotidiano.
Este estudo foi financiado em parte pelo Fundo de Estímulo a Ensaios Clínicos da Mayo Clinic e pelo Centro de Medicina Personalizada da Mayo Clinic. Reveja o estudo para uma lista completa de autores, divulgações e financiamento.
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Sobre a Mayo Clinic
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Journal
JAMA Network Open
Article Publication Date
15-Dec-2025